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Arquitetos: Tarek Shamma
- Área: 250 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Clement Vayssieres

Descrição enviada pela equipe de projeto. La Salvada é um projeto arquitetônico extraordinário concebido por Tarek Shamma a partir do desejo do cliente: criar uma transição absolutamente contínua entre os espaços internos e externos. O projeto enfrentou limites rigorosos de implantação — ele só poderia ocupar a área de duas ruínas existentes — e ainda precisava preservar e contornar um cacto monumental, com cerca de 5 metros de altura.


Para materializar essa visão, Shamma recorreu a uma seleção cuidadosa de materiais e métodos construtivos. Pedras soltas da região, granito local, ladrilhos de terracota feitos à mão em Portugal e azulejos portugueses foram escolhidos para dialogar harmonicamente com a paisagem. A colaboração com artesãos e construtores locais foi essencial para dar vida à proposta.

Técnicas tradicionais foram incorporadas de forma intencional, revelando a herança cultural do lugar. As peças de terracota — conhecidas pela durabilidade e pelo caráter atemporal — reforçam detalhes arquitetônicos. No interior, técnicas de trançado de palha, especialmente o rattan, criam elementos únicos, cheios de textura e artesania.


Inspirado pela arquitetura portuguesa, Shamma também recorreu aos azulejos. Esses ladrilhos vidrados, ricos em motivos decorativos, foram usados de modo contemporâneo: não emoldurando janelas, mas delineando degraus e quinas de escadas. Esse gesto preserva o vínculo com a tradição, ao mesmo tempo em que introduz uma leitura fresca, contrastando passado e presente.

Durante a construção, houve extremo cuidado na preservação das ruínas e do imponente cacto. O projeto os incorporou como partes essenciais da composição, fazendo com que o novo se apoiasse, literalmente, na história e na natureza já existentes. Ao abraçar o entorno e valorizar o contexto local, La Salvada se funde ao território, criando uma atmosfera acolhedora, discreta e profundamente integrada à paisagem.

La Salvada se afirma como prova do compromisso de Tarek Shamma com uma arquitetura sustentável e culturalmente sensível. Ao utilizar materiais locais, trabalhar com artesãos da região e valorizar técnicas tradicionais, o projeto não só realiza o desejo do cliente, mas também celebra a herança arquitetônica do lugar. O resultado é um refúgio cativante que dissolve fronteiras entre interior e exterior, respeitando e amplificando a essência do seu entorno.








